sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Rafting!




No feriado DE 20/11, fomos a um lugar muito legal, chamado Pousada do Broa (www.broa.com.br). O lugar é lindo, todos os quartos dão frente para a represa. O passeio de bicicleta, caiaque e cavalo estão inclusos nas diárias. CObram café da manhã a parte. Fora isso, lá tem campo de golf, passeios de lancha, entre outras coisas. O que não gostei foi dos besourinhos que me deixaram muito irritada! Disseram que é a época deles.Nessa pousada tem o restaurante da 339 gastronomia (www.339gastronomia.com.br) que tem matriz em São Paulo (Vila Sônia). Achei o preço salgado de R$ 35,00 por pessoa, pois não era condizente com o “buffet” oferecido. A massa sim, é muito boa (Diferente!).Descobrimos que é o único restaurante próximo e talvez por isso aproveitem um pouco da situação. Mas o que quero falar mesmo é do “rafting”. Fizemos num rio próximo da pousada (nível 2), na cidade de Itirapina (sentido São Carlos e Brotas), com o pessoal (Rose e Luciano) da Aguas Radicais (www.aguasradicais.com.br). Você assina um termo de responsabilidade, pois o rafting é um esporte radical. Não tem perigo, desde que vá com a roupa adequada e siga as instruções. Mesmo depois das dores musculares, vale a pena repetir a dose. Da próxima vez, sei que vamos parar nas corredeiras de Brotas (nivel 4), que dizem ser muito bom! Vale a pena sentir a adrenalina, a paz da natureza e colocar os seus músculos para trabalhar. Eu indico! Ah, antes, porém, passe repelente e protetor solar e não se intimide com a água que vai entrar no barco.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Va ao teatro!!!

Vá ao teatro , até 13 de dezembro a preço popular de R$ 5,00!!!

Essa é mais uma campanha do Governo de São Paulo para incentivo à cultura.

Acesse o site:

www.vaaoteatro.org.br

Aproveite!



Assédio Moral no Trabalho


Assédio moral ou Violência moral no trabalho não é um fenômeno novo. Pode-se dizer que ele é tão antigo quanto o trabalho.

A novidade reside na consciência política da classe trabalhadora que não admite mais ser tratado de forma descortês e agressiva, e ainda, na intensificação, gravidade, amplitude e banalização do fenômeno.

Passamos a analisar o tema de forma objetiva.

A principal característica do assédio moral é a humilhação sofrida. Conceitua-se como sendo um sentimento de ser ofendido, menosprezado, rebaixado, inferiorizado, submetido, vexado, constrangido e ultrajado pelo outro. É sentir-se um ninguém, sem valor, inútil. Magoado, revoltado, perturbado, mortificado, traído, envergonhado, indignado e com raiva. A humilhação causa dor, tristeza e sofrimento.

Os adjetivos acima, até em tom exagerado, visam demonstrar que somente existe o assédio moral, quando tais consequências surgem, rotineiramente.

Aqui não se trata de uma brincadeira, ou chacota, que tem sempre as duas vias do caminho, tanto chefe e subordinado brincam denegrindo de certa forma a imagem do outro, pessoal ou profissional.

O assédio difere do dano moral, por que retrata microagressões que humilham a pessoa, que ferem, que deixam marcas. Há uma conotação de fazer o mal, e não de apenas divertir o ambiente de trabalho.

O assédio moral no trabalho, é a exposição dos trabalhadores a situações humilhantes e constrangedoras, até pequenas, mas repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias, dos chefes dirigida a um ou mais subordinados, desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando desistir do emprego.

A violência moral no trabalho constitui um fenômeno internacional segundo levantamento recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com diversos paises desenvolvidos.

A pesquisa aponta para distúrbios da saúde mental relacionado com as condições de trabalho em países como Finlândia, Alemanha, Reino Unido, Polônia e Estados Unidos.

As perspectivas são sombrias para as duas próximas décadas, pois segundo a OIT e Organização Mundial da Saúde, estas serão as décadas do mal estar na globalização, onde predominará depressões, angustias e outros danos psíquicos, relacionados com as novas políticas de gestão na organização de trabalho e que estão vinculadas as políticas neoliberais.

Em suma, a explicitação do assédio moral se dá na forma denunciada, com gestos, condutas abusivas e constrangedoras, humilhar repetidamente, inferiorizar, amedrontar, menosprezar ou desprezar, ironizar, difamar, ridicularizar, risinhos, suspiros, piadas jocosas, situações vexatórias, não explicar a causa da perseguição.

Para concluir é importante que se registre, que apesar de tais atos ser praticados pelas chefias, quem paga a conta da indenização pelo assédio, é o empregador, é ele quem vai ser no futuro acionado judicialmente, por algo que em alguns casos nem sabe que existe na sua empresa. É importante fiscalizar os métodos que estão sendo aplicados pelas chefias, para que as condutas impostas não sejam entendidas como assédio moral.

Fonte: www.marcosalencar.com.br

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

SPA WEEK

Até o fim desse mês, 14 spas da cidade de São Paulo baixaram os preços para criar o SPA WEEK, um evento que acontece em outros países como os EUA. Estão oferecendo vários tipos de massagens, terapias, drenagem linfática, escalda pés, entre outros. O preço único é de R$ 60,00. Acesse o site : www.spaweek.com.br e escolha a melhor opção. Aproveite!

Spas participantes:

Amanary Spa
(11) 2838-3300
Grand Hyatt São Paulo - Avenida das Nacoes Unidas, 13.301, Brooklin
acesse o site

Terapias oferecidas:
Escalda Pés & Reflexologia - duração: 35 min
Mini-Facial - duração: 30 min
Shiatsu - duração: 45 min
Buddha Spa
(11) 3668 7221
Unidade Higienópolis - R. Eng. Edgard Egídio de Souza, 510
(11) 3052-1756
Unidade Ibirapuera - Rua Manoel da Nóbrega, 1944
acesse o site

Terapias oferecidas:
Massagem Ayurvédica - duração: 1h
Massagem Relaxante Kenzoki - duração: 50 min
Beauté Aromatique Mary Cohr 40’ - duração: 40 min
Champi Espaco Relax
(11) 3062-0423
Rua Bela Cintra 1.607 – Jardins
acesse o site

Terapias oferecidas:
Massagem Champi - duração: 30 min
Massagem Clássica - duração: 45 min
Tui-ná - duração: 1h
Elements Spa By Banyan Tree
(11) 3146-6422
Hotel Tivoli São Paulo Mofarrej: Alameda Santos, 1437 4° andar, Cerqueira César
acesse o site

Terapias oferecidas:
Back Massage - duração: 1h
Indian Head - duração: 1h
*Cobrança de 10% de taxa de serviços.
Mantra Estética e Spa Urbano
(11) 2076-8140
Rua Celso de Azevedo Marques, 395 - sala 105, Moóca
acesse o site

Terapias oferecidas:
Escalda Pés - duração: 40 min
Hidratação Facial - duração: 50 min
Massagem Dorsal - duração: 30 min
Narada - Espaço de Bem-Estar
(11) 3868-1203
Rua Franco da Rocha, 118, Perdizes
acesse o site

Terapias oferecidas:
Massagem terapêutica (relaxante) - duração: 1h
Shiatsu - duração: 1h
Massagem terapêutica + Reflexologia - duração: 1h
Olímpia
(11) 2548-5169
Unidade V. Olímpia: R. Chilón, 248
(11) 2122-4027
Unidade V. Madalena: R. dos Tamanás, 137
acesse o site

Terapias oferecidas:
Candle Massage - duração: 1h
Hidratação Facial com Pedras Frias - duração: 1h
Massagem Modeladora Express - duração: 30 min
Otris Spa Urbano
(11) 3666-7012
Rua Ceará, 470 – Higienópolis
acesse o site

Terapias oferecidas:
Gamban - duração: 40 min
Xilon - duração: 40 min
Reflexologia - duração: 40 min
Renaissance Spa
(11) 3069-2081
Renaissance São Paulo Hotel
Alameda Santos, 2233 - Piso SP - Jardins
acesse o site

Terapias oferecidas:
Massagem Revigorante - duração: 45 min
Banho de Ofurô de uva roxa - duração: 50 min
Facial Rainflorest - duração: 30 min

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A idade e a Mudança

Por Lya Luft

Mês passado participei de um evento sobre as mulheres no mundo contemporâneo .

Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades.

E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.

Foi um momento inesquecível...

A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.

Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?'

Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'. Estão todos em busca da reversão do tempo.

Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.

Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada.

A fonte da juventude chama-se "mudança".

De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora.

A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.

Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.

Mudança, o que vem a ser tal coisa?

Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho.

Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.

Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos.

Rejuvenesceu.

Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol.

Rejuvenesceu.

Toda mudança cobra um alto preço emocional.

Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza.

Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.

Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.

Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.

Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.

Olhe-se no espelho...

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Emancipação e solidariedade

por Cynthia A. Sarti

A segunda metade do século 20 foi, sem dúvida, o momento privilegiado da emancipação feminina. A difusão da pílula anticoncepcional, a partir dos anos 1960, e a entrada da mulher no mercado de trabalho, no mesmo período, foram dois processos emblemáticos das novas possibilidades que se abriram para a mulher: o controle e determinação sobre seu próprio corpo e a independência econômica. Foram tempos de euforia, expectativas, transgressão. Poucas experiências históricas, no espaço de menos de meio século, conseguiram mudanças sociais tão radicais, cujo alvo principal foi o sistema familiar patriarcal.

O trabalho remunerado implicou uma mudança significativa no modo de vida das mulheres com qualificação profissional, por lhes dar condições de romper com o padrão tradicional de divisão sexual da geração de suas mães e avós, que “não trabalhavam” (leia-se remuneradamente), alterando, assim, a organização de sua vida familiar.

Essas mudanças incidiram, em particular, sobre a autoridade na família, redefinindo-a, tanto na relação entre homem e mulher como entre pais e filhos, diante da renda dupla do casal e das mudanças no cuidado infantil, transferido também para a esfera pública, com a incorporação das creches ao cotidiano das crianças, desde pequenas. Essas possibilidades surgem com o crescimento econômico e a expansão do sistema educacional brasileiro nos anos 1960 e 1970, permitindo também às mulheres, movidas pela disseminação do ideário feminista de ampliar as fronteiras do mundo feminino para além dos limites domésticos, o acesso à educação superior e ao mercado de trabalho.

A abertura de espaços para as mulheres, no sentido de sua independência em relação aos papéis sexuais tradicionais, no entanto, tem limites no que se refere às relações entre homem e mulher, que não acompanham as mudanças em toda sua extensão, causando inúmeros desencontros e dificuldades na vida afetiva a dois. Além disso, esse processo tem marcas de classe e de cor e as oportunidades não se apresentam da mesma maneira para todas as mulheres brasileiras. Apesar de significativas mudanças sociais e culturais, o Brasil continua um país marcado por hierarquias de classe e de raça.
Houve perdas? Talvez. Situações de subordinação social tendem a gerar mecanismos de compensação, e as mulheres, nos sistemas patriarcais, desenvolvem, ?com maestria, formas diversas de manipulação e poder informal que lhes garantem uma boa quota de benefícios. Perder esses espaços de mando dissimulado, para quem deles se beneficia, tem um preço.

O lugar feminino tradicional, que identifica a mulher com a mãe, esposa e dona-de-casa, enquanto o homem, trabalhador, se responsabiliza pelo sustento familiar, é, em muitos sentidos, um lugar infantilizado, porque tutelado. Espera-se, nesse registro, que o homem, “chefe da família”, responsabilize-se pela família e faça a mediação entre a família e o mundo externo. Simone de Beauvoir disse, em seu livro O Segundo Sexo, que a mulher não tinha uma existência própria, por ser referenciada pelo homem. Ela era o seu “outro”, imagem refletida. A Constituição Brasileira de 1988 mudou esse quadro. Eliminou a “chefia conjugal”, atribuída até então ao homem, e transformou a sociedade conjugal em uma instância de direitos e deveres iguais.
A mulher, hoje, dispõe igualmente dos direitos civis, políticos e sociais garantidos ao homem na legislação brasileira. Ela vota, tem acesso à educação formal e ao trabalho, tem direito de propriedade, de ir e vir, como qualquer cidadão. No Brasil, ela é cidadã, com os mesmos direitos e deveres atribuídos ao homem.

Passou o tempo em que as mulheres, como a escritora George Sand, se disfarçavam de homem para exercer seu ofício e ter lugar num mundo dominado por homens. As mulheres estão presentes em praticamente todas as profissões, ainda que as diferenças de gênero determinem formas diferenciadas de acesso ao mercado de trabalho. Profissões associadas ao cuidado, como a de professora de crianças ou de enfermeira, continuam sendo redutos femininos. Em carreiras prestigiadas socialmente, como medicina e direito, as conquistas femininas ainda requerem habilidades técnicas excepcionais que as destaque, porque sua presença não é facilmente assimilada. O mesmo acontece com mulheres em cargos de direção. Os caminhos da mudança cultural são lentos, não seguem uma linearidade, há ambiguidades, avanços e retrocessos. Mudanças são aceitas em certas esferas sociais, em outras há resistências, quando não um combate explícito. A violência pode configurar uma forma de reação a conjunturas em que as coisas saem do lugar habitual e não encontram outro lugar onde se situar.

No entanto, mesmo provocando reações contrárias, como sempre acontece em períodos de mudanças culturais, a emancipação feminina foi instaurada, com êxito, pelo menos, no mundo que chamamos de ocidental. Neste século 21, a mulher emancipada enfrenta as implicações e consequências de sua própria emancipação. Desfruta de sua autonomia, sua sexualidade, suas escolhas e tem a responsabilidade, ela própria, perante seus atos e decisões. Ela não está mais “protegida” pela redoma do mundo familiar tradicional. A autonomia conquistada implica o enfrentamento com o mundo tal como ele é, sem mediações.

A presença feminina trouxe questões inesperadas para o mundo público, que ainda não estão adequadamente codificadas, particularmente na esfera do trabalho. Homens e mulheres convivem e frequentam os mesmos espaços. É raro, hoje em dia, um espaço público em que essa convivência não exista. Não há mais lugares reservados a um e outro sexo, tampouco espaços delimitados de encontro entre os sexos. Assim, há que se lidar com as questões que envolvem a convivência permanente entre homens e mulheres. O espaço das relações profissionais e o das relações amorosas misturam-se e o mundo do trabalho torna-se também o cenário privilegiado de trocas afetivas e sexuais. Encontros e desencontros acontecem. Assédio sexual e assédio moral, modalidades perversas de relações entre o homem e a mulher no mundo do trabalho ganham espaço nessa convivência inevitável e mal assimilada, agravadas pelo contexto de fronteiras imprecisas e muita competitividade, em que os limites entre um e o outro não são claros, propiciando o abuso. Novas situações, novos problemas.

Ainda que o movimento feminista tenha sido inquestionavelmente benéfico para todas as mulheres, ao garantir seus direitos básicos e, assim, mudar o estatuto da mulher na sociedade, a emancipação feminina perdeu os ares de rebeldia, o tom de euforia de décadas atrás. Perdeu-se o encanto das lutas libertárias. Vivemos, em certo sentido, sob o signo do desencanto. Não pelo insucesso, foram muitas as conquistas e mudamos, para melhor, o patamar de nossas vidas, mas porque nos resta, hoje, lidar com o que somos, com o que nos tornamos, depois de tudo. E desejos, anseios, expectativas e esperanças de mudar o mundo são sempre maiores do que os resultados efetivos.

As novas gerações de mulheres não parecem interessadas nas lutas feministas. A condição feminina não se constitui em problema existencial para as mulheres jovens, hoje. Os grupos sociais que pensamos como discriminados, que são objetos de preconceitos e outras formas de violência, não estão prioritariamente associados à condição feminina, ainda que a atravessem. As mulheres continuam a ser perversamente violentadas, em casa e nas ruas, mas não apenas elas. Tivemos recentemente notícia de estupros masculinos, em situações de conflito, forma de humilhação contra os homens que também começa a ter visibilidade. Vivemos sob o signo da violência generalizada, contra homens, mulheres, velhos, crianças, homossexuais, pobres, negros, etnias diversas.

A maior conquista parece ser a de que a mulher saiu do lugar de vítima, ela é dona do destino que traçou para si. Não precisa olhar tanto para si própria, mas, num patamar de igualdade, pode unir-se a homens e mulheres e, nesse novo lugar, ser verdadeiramente solidária, porque é capaz de ir além e olhar o outro.

“Neste século 21, a mulher emancipada enfrenta as implicações e consequências de sua própria emancipação. Desfruta de sua autonomia, sua sexualidade, suas escolhas e tem a responsabilidade, ela própria, perante seus atos e decisões”

Cynthia A. Sarti é antropóloga e professora na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) – campus Guarulhos

BEM ENVELHECER

Por Norton Sayeg

Você nunca pode justificar nenhuma dor, nenhum desprazer, nada, pelo fato de um indivíduo ter 80, 90, 100 anos de idade”, afirmou o geriatra e gerontólogo Norton Sayeg, durante conversa com o Conselho Editorial da Revista E.?Com mais de 30 anos na carreira médica – já tendo passado pela cirurgia (cardiovascular e oncológica) e pela diretoria clínica e administrativa de vários hospitais –, Sayeg atua na área desde 1984, quando prestou concurso na Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) para obter o título de especialista. “Sou do tempo em que se dizia: ‘Nem peça [para medir] o colesterol desse senhor, pois ele tem 80 anos de idade’”, afirma. “Viam a idade do paciente e achavam aquilo normal. Não é normal, é comum, no entanto essas palavras, de vez em quando, aparecem como sinônimo uma da outra, mas não são.”

Durante seu depoimento, o médico, também formado em sistemas de saúde e administração hospitalar, abordou mitos e conceitos ligados à terceira idade – tanto no aspecto clínico quanto no psicológico e social –, como depressão e políticas públicas, e deu dicas de como envelhecer bem. “São coisas básicas, mas que mexem com o estilo de vida – e mudar o comportamento é muito difícil.” A seguir trechos.

O papel dos médicos
Quando se fala em política para idosos, temos que tomar alguns cuidados. As perguntas a serem feitas são: Que população eu estou atendendo? Que idoso é esse? Ele tem renda, tem família, trabalha, é casado, tem alguma doença limitante do ponto de vista ?físico? Veja quantos segmentos de pessoas idosas nós temos. Basta pegar um segmento, que me interessa muito, que é o de idosos que sofrem de Mal de Alzheimer. Não existe um centro diurno de tratamento para doentes com esse tipo de doença. Não espere que a iniciativa privada vá fazer isso, pois não dá lucro. O indivíduo que conseguir ter lucro com centro diurno provavelmente não dá boa alimentação, condições, recursos adequados etc. Ao nos comparar aos Estados Unidos temos de admitir que em algumas coisas eles são melhores. Eles têm 2 mil centros diurnos apenas para tratamento de pacientes com Alzheimer. Nós não temos nenhum. Além disso, a formação dos médicos ainda peca muito em geriatria. Ainda falta muito na conscientização e na prática no que diz respeito à prevenção de doenças e de agravos à saúde quando ainda somos jovens.

Informação
Existe um conceito antigo e consagrado de que o envelhecimento é uma questão biopsicossocial. Você não pode tratar somente o corpo e o organismo do indivíduo sem que você contemple outras áreas, especialmente a área social. Do ponto de vista médico e clínico, todas as pessoas deveriam começar a prestar atenção nessas questões a partir dos 27 anos de idade, que é quando começamos a envelhecer. A partir dos 30 anos, vale a pena ir ao médico fazer uma revisão de saúde – não necessariamente a um geriatra, mas a um clínico preparado e motivado a contribuir para que as pessoas envelheçam com qualidade. Por exemplo, a mulher jovem que não toma leite, que não faz exercícios físicos, que toma café e que fuma, pode esperar a osteoporose bater na sua porta quando entrar na menopausa. Ou seja, pode ser feito algo a respeito na juventude, com uma simples orientação. Sempre aproveito, quando a neta vem acompanhar a avó ao meu consultório, para fazer essa parte preventiva, perguntando se a neta toma leite, se faz determinadas coisas, se faz exercícios, se faz uma “poupança óssea” para gastar no futuro. São pequenas coisas, basicamente informação. Isso é algo que me apaixona em geriatria, pois não estamos falando em tecnologias de milhões de dólares, estamos falando de uma pessoa informada e interessada na saúde da outra, que senta, conversa e informa.

Depressão na terceira idade
A depressão na terceira idade é um assunto extremamente importante. Primeiro porque não existe prevenção, você pode até tentar evitar isolamentos com programas [de atendimento ao idoso]. A apresentação da depressão em pessoas com mais idade é completamente diferente do que no caso de um jovem. Todo mundo conhece o jovem [e reconhece um quadro de depressão]: não quer mais ir à faculdade, não atende mais os amigos, não sai da cama, fica de mau humor. Está caracterizada a depressão. À medida que nós envelhecemos, os sintomas da depressão são completamente diferentes. E existe um fator cultural perverso, algumas pessoas ainda acreditam, no século 21, que depressão é falta de caráter, de brio, personalidade fraca. Isso é uma bobagem muito grande. É uma doença como qualquer outra. Mas existe esse mito ainda. Agora, imaginem o que acontece no caso das pessoas mais velhas? A vergonha de dizer que está deprimido. Determinados arranjos familiares fazem com que a pessoa tenha ainda mais vergonha de se confessar. Ela acorda supertriste, numa melancolia muito grande durante anos. Daí, essa pessoa pensa: “Moro com minha filha e genro que me dão teto, carinho, comida, amor, tudo. Como vou contar que estou triste?”. Isso existe com uma frequência absurdamente grande e perversa, pois essas pessoas não se confessam ?deprimidas.
Pelo consultório, eu vejo que uma das causas de perda de memória é a depressão. Quando algum paciente entra no consultório dizendo que está com perda de memória, a primeira coisa que eu faço é tentar descobrir se ela está deprimida ou não. Faço a pergunta, a pessoa responde que está tudo ótimo e logo depois começa a chorar. Então, os sintomas de depressão em pessoas mais velhas são: primeiro, a perda de memória; depois vem a insônia, dificuldade para dormir – e, quando dorme, acorda muito e tem sono leve –; terceiro, alteração do apetite (o jovem deprimido come muito, em idosos ocorre a perda de apetite e emagrecimento); quarto, mudança de personalidade. A pessoa sempre foi a algum lugar, por exemplo, e, de repente, para de ir. O tratamento da depressão é extremamente eficaz, e a maioria dos pacientes retoma suas atividades e volta a desfrutar de sua vida alegre e participativa. Em termos de prevenção, elimine os fatores de risco absolutamente conhecidos: entre outras coisas, deve-se manter o peso, não fumar, não beber, controlar pressão, colesterol, manter uma atividade física e uma vida social.

Sem segredo
As pessoas se informam sobre o que faz mal e o que faz bem. Certa vez ouvi uma coisa muito interessante: uma pessoa chegou para mim e disse que não tinha tempo para ficar velha. “Eu acordo às 6 da manhã, tenho meu grupo de corrida, volto, troco de roupa, etc. etc.” Era uma pessoa com muitos compromissos, e acho que isso contribui muito para você envelhecer com qualidade. Eu sempre digo [para os pacientes]: “Levante de manhã e tire o pijama, a camisola. Essa é a primeira medida”. Muitas vezes, a gente percebe que as pessoas vão se desleixando quanto à aparência porque ficam muito tempo em casa. “Por que vou cuidar da minha aparência se não saio daqui?”, esse é o pensamento. Não acho que exista segredo para o bom envelhecimento. São coisas básicas, mas que mexem com o estilo de vida – e mudar o comportamento é muito difícil. O que poderia ajudar muito seria se tivéssemos uma televisão um pouco mais motivada. Eles não sabem o quanto poderiam ajudar na mudança de perfil da saúde da população.

Saiba mais:

Participe:

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