sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Machado de Assis


Essa semana fez 100 anos que Machado de Assis morreu.
Nada melhor do que saber um pouco sobre a sua vida.


Entre as diversas histórias não-esclarecidas da biografia de Machado, está a que ele quase foi demitido em 1856, da Tipografi a Nacional, que fi cava na Rua Guarda Velha (atual Treze de Maio). Ele trabalhava como aprendiz de tipógrafo e teria sido pego lendo. O diretor era o escritor Manuel Antônio de Almeida (autor de ‘Memórias de um Sargento de Milícias’), que em vez de mandar Joaquim Maria embora o apadrinhou, incentivando sua carreira.Machado virou revisor, estreou como crítico teatral e chegou a ser até censor de peças — cargo que não lhe dava remuneração, mas garantia o livre acesso aos teatros. Não se sabe ao certo como aprendeu francês, inglês e alemão. Mas traduziu clássicos, como ‘Os Trabalhadores do Mar’, de Victor Hugo, e ‘O Corvo’, de Edgar Allan Poe.
Em 1864, reúne seus poemas em ‘Crisálidas’’. Aos poucos, foi aumentando a colaboração na imprensa. Admirava D. Pedro II, de quem recebeu honrarias — o grau de Cavaleiro da Ordem da Rosa —, mas virou cronista ácido do Segundo Reinado.“Foi na crônica que Machado deu plena vazão ao seu espírito carioca. De forma admirável, ele fundiu sarcasmo, ironia e irreverência de moleque de rua, numa linguagem de fundo clássico, mas moderna, na qual pagava o devido tributo à sua formação como jornalista”, diz Ubiratan Machado, que levou 10 anos para chegar aos 2 mil verbetes do ‘Dicionário de Machado de Assis’, da Academia Brasileira de Letras.



O Amor


“Quando se padece tanto e longamente, a morte é liberdade”, escreveu Machado de Assis em uma de suas crônicas em ‘A Semana’, em 1904, depois de perder sua mulher, a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais, com quem fi cou casado por 35 anos. Quatro anos mais velha e irmã do poeta Faustino Novais, amigo do autor, Carolina conheceu Machadinho num sarau regado a piano e poesia. Em 1867, aos 32 anos e ‘solteirona’ para a época, mas culta e elegante, teria causado grande impressão nele. Nos versos de ‘Falenas’ (1870), já casado, Machado cantou seu amor: “Quando ela fala, parece que a voz da brisa se cala/Talvez um anjo emudece/ Quando ela fala”. Em 12 de novembro de 1869, ao som de Mendelssohn, após vencer a resistência dos irmãos dela, casaram-se na capela da casa dos Mamede, na Rua Cosme Velho, que ainda existe. A vinda de Carolina para o Rio, após a morte da mãe, poderia ter sido provocada por um amor malr resolvido .
Situação compreendida por Machado, que confessou ter tido ele também, antes dela, um amor correspondido e outro não. Em 1868, escreveu-lhe:“Tens para mim um dote que realça os mais: sofreste”. Além de revisar textos do marido, numa das raras vezes em que o autor deixou o Rio, em 1879, e foi para Friburgo se restabelecer da infl amação nos olhos, foi ela quem redigiu enquanto ele ditava o que seria o romance ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’. Amor cúmplice e companheiro até a morte dela, provocada por tumor no intestino. Moraram na Rua dos Andradas, na da Lapa – casa que foi tombada – e na das Laranjeiras até irem, em 1884, para o chalé da Rua Cosme Velho 18, que foi demolido e deu lugar ao Edifício Machado de Assis. O casal não teve fi lhos.
Ficar sem Carolina foi golpe duro. Até morrer em 1908, o escritor mandava que os talheres e prato dela fossem colocados à mesa. A lembrança fi cou no quarto, pente e escovas e até na saboneteira dela, mantidos intactos. Depois de perdê-la, todos os domingos foram iguais: ele visitava o túmulo da mulher no São João Batista e seguia para a chácara da família dela, na Praia de São Cristóvão. Em 1906, chorou sua saudade e contou as idas ao cemitério no soneto ‘A Carolina’. Em carta a Joaquim Nabuco, logo após perdê-la, lamentou-se: “Foi-se a melhor parte da minha vida, e aqui estou só no mundo”.


Reportagem obtida do site O Dia online

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